MADRAGOA

#19 - October 2023

Samantha Ozer on Luís Lázaro Matos' Show-Off (2023)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EN

 

 

As summer transitions into fall, melancholy moments jolt memories and even reignite desires–the final lingerings of a warm city breeze that reminds you of time on the beach or meeting a stranger’s gaze that inspires fantasies of your next holiday. In his exhibition, Divertimento, Luís Lázaro Matos teases these encounters and paints a technicolor world of men, animals, and hybrid creatures by the sea. In Show Off (2023), an equine figure stands in the center of the painting, arms crossed in a strong pose and body parting a stream of water cascading behind. In the background, two men hook up in the shadow of a tree as a spider sun shoots beams of light across the plane. Matos blurs the distinction between reality and the world of dreams by superimposing these different vignettes. The dark outlines that cut across the tableau and suture each scene are reminiscent of the movement found in a film strip, individual snapshots that, when layered together, thread a narrative. However, when considered alone, each could be a postcard of a trip or a carousel of photos used on dating apps for casual sex, such as Grindr.

 

In both instances–a reminder of pleasure or a provocation–an arousing image is burned into our mind as a photo is developed with light or a film imprinted into celluloid. Much like the allusive nature of Francis Picabia’s “transparencies” that serve as a reference to this series, Matos’ work muddles the discretion of each painting and bleeds visions of nature and fantasy together. You can almost imagine all of the characters in the painting in a group chat or popping up on a dating app page that lists other people in close proximity. The snake in the neighboring painting Yoga Voyeur (2023) mirrors the curves of the water in Show Off and cheekily flirts with the characters across the wall. Are the snake or the horsey-hunk “looking for fun” as the plane advertisements painted across the gallery ask, and how will it translate across the room? As much as the bodies in the paintings are objects of desire and sites of projection and consumption, so too are the bodies who inhabit the exhibition space, some “show offs” and others “voyeurs.”

 

 

 

 

 

Samantha Ozer is a curator and creative director based between Mexico City and New York. She is the founder and artistic director of TONO, a new arts festival dedicated entirely to time-based artwork. Through TONO, she is co-curator of Watch & Chill 3.0: Streaming Suspense, a hybrid video exhibition that is travelling from Mexico City to the National Museum of Modern and Contemporary Art Korea, Seoul; Peabody Essex Museum, Salem; and the National Gallery of Victoria (Melbourne). As an independent curator, Ozer has organized projects at museums and commercial galleries in Athens, Los Angeles, Mexico City, Milan, and New York. As a member of The Racial Imaginary Institute, she organized a series of exhibitions with David Kordansky Gallery. As a researcher, Ozer worked alongside Ekene Ijeoma to conceptualize the syllabi for his courses Black Mobility and Safety in the US I & II and Poetic Justice for Climate Crisis and curate and produce subsequent speaker series. She formerly held curatorial roles at the Museum of Modern Art and MoMA PS1 in New York. She was the inaugural video curator for Feria Material (2022), the inaugural video curator for Zonamaco (2023) and the inaugural cinema curator for Art Baja California (2023).

 

 

 

Luís Lázaro Matos, Show Off (2023) and Yoga Voyeur (2023). Installation view of Divertimento at Madragoa, Lisbon. Photograph by Bruno Lopes.

 

 

PT

 

Na transição do verão para o outono, momentos melancólicos sacodem as memórias e até reacendem desejos - os últimos resquícios de uma brisa quente da cidade que nos recorda o tempo passado na praia ou o encontro com o olhar de um estranho que nos inspira fantasias sobre as próximas férias. Na sua exposição, Divertimento, Luís Lázaro Matos provoca estes encontros e pinta um mundo tecnicolor de homens, animais e criaturas híbridas à beira-mar. Em Show Off (2023), uma figura equina surge no centro da pintura, com os braços cruzados numa pose forte e o corpo a separar uma corrente de água que cai em cascata atrás. Ao fundo, dois homens engatam-se à sombra de uma árvore enquanto um sol-aranha dispara feixes de luz através do plano. Matos esbate a distinção entre a realidade e o mundo dos sonhos ao sobrepor estas diferentes vinhetas. Os contornos escuros que atravessam o quadro e suturam cada cena fazem lembrar o movimento encontrado numa tira de filme, instantâneos individuais que, quando colocados em camadas, dão origem a uma narrativa. No entanto, quando considerados isoladamente, cada um poderia ser um postal de uma viagem ou um carrossel de fotografias utilizadas em aplicações de encontros para sexo casual, como o Grindr.

 

Em ambos os casos - uma lembrança de prazer ou uma provocação - uma imagem excitante é gravada na nossa mente como uma fotografia é revelada com luz ou um filme impresso em celuloide. Tal como a natureza alusiva das "transparências" de Francis Picabia que servem de referência a esta série, o trabalho de Matos confunde a discrição de cada pintura e mistura visões da natureza e da fantasia. É quase possível imaginar todas as personagens da pintura numa conversa de grupo ou numa página de uma aplicação de encontros que lista outras pessoas próximas. A cobra na pintura vizinha Yoga Voyeur (2023) reflecte as curvas da água em Show Off e namorisca descaradamente com as personagens do outro lado da parede. Estarão a serpente ou o cavalinho de pau "à procura de diversão", como perguntam os anúncios de aviões pintados na galeria, e como é que isso se traduzirá na sala? Tal como os corpos nas pinturas são objectos de desejo e locais de projeção e consumo, também o são os corpos que habitam o espaço de exposição, alguns "exibidos" e outros "voyeurs".

 

 

 

 

 

Samantha Ozer é uma curadora e diretora criativa que vive entre a Cidade do México e Nova Iorque. É fundadora e diretora artística do TONO, um novo festival de artes dedicado inteiramente a obras de arte baseadas no tempo. Através do TONO, é co-curadora de Watch & Chill 3.0: Streaming Suspense, uma exposição de vídeo híbrida que está a viajar da Cidade do México para o Museu Nacional de Arte Moderna e Contemporânea da Coreia, em Seul; Peabody Essex Museum, em Salem; e para a National Gallery of Victoria (Melbourne). Como curadora independente, Ozer organizou projetos em museus e galerias comerciais em Atenas, Los Angeles, Cidade do México, Milão e Nova Iorque. Como membro do The Racial Imaginary Institute, organizou uma série de exposições com a Galeria David Kordansky. Enquanto investigadora, Ozer trabalhou com Ekene Ijeoma na conceção dos programas dos seus cursos Black Mobility and Safety in the US I & II e Poetic Justice for Climate Crisis e na curadoria e produção da série de oradores subsequentes. Anteriormente, desempenhou funções de curadoria no Museu de Arte Moderna e no MoMA PS1 em Nova Iorque. Foi a curadora de vídeo inaugural da Feria Material (2022), a curadora de vídeo inaugural da Zonamaco (2023) e a curadora de cinema inaugural da Art Baja California (2023).

 

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