MADRAGOA

 

#3 – March 2018

 

Luca Lo Pinto on Joanna Piotrowska's FROWST XX

 

 

Joanna Piotrowska FROWST XX 2014 silver gelatin hand print 41 x 51 cm (image) edition of 7 + 3 AP

 

 

EN

 

It is estimated that almost two billion images are created and shared every day. This means that choosing to work with photography has become an act of courage.

 

Even though we all produce images, very few people are able to create a personal vision of their own using photography as their medium. Joanna Piotrowska, who was born in Warsaw just over thirty years ago, is one of them.

 

Within the space of just a few years, she has proved to be one of the most talented photographers of her generation. Though she says she does not consider photography to be her favourite medium, Joanna is mostly known for her photographic works, which are hauntingly poetic, beautifully choreographed and aesthetically beguiling.

 

I discovered her work in 2014 when I came across her Frowst series. Influenced by the theories of a German psychotherapist, in this series Piotrowska investigates the archetype of the family, viewing it as a theatre of ambivalent gestures and movements. Here we find family groups portrayed in their homes in poses that are so perfectly arranged as to appear natural, in the cold tones of black and white. These images are at once disturbing and empathetic, invoking both joy and melancholy, violence and affection, in total and intentional contrast to the classic stereotypes of family portraits.

 

Piotrowska re-creates moments of intimacy, basing her work on old photographs of her sitters, whom she asks to re-enact their past emotions. She shows us the intangible by capturing a stratification of personal stories in a static image, pursuing the past in the present and playing on the deviation between the experience of a moment and its representation. These photos are so static as to conjure an idea of movement, of a dance between bodies that appear at once intimate and distant as they waver between being both people and characters. The spatial setting appears to vanish, bringing out all the plasticity and psychology of the figures we see posing. Compared with the tradition of staged photography, Piotrowska appears less interested in the conceptual aspect of the approach and more in suggesting a certain idea of the uncanny, which is found in everyday actions and in interpersonal relationships. What attracts her is the vulnerability of the individuals and their existence. She recreates domestic situations by documenting the actions in a use of black and white that objectifies the bodies, intensifying their sculptural forms.

 

In Piotrowska’s works the performance aspect was mainly limited to the construction process, but for a solo exhibition in London in 2017, she came up with a display in which the mise-en-scène was not created within the frame of the representation, but in the real world. This exhibition-performance involved pairs of people feeding each other. Once again, the focus was on an intimate gesture, but it was open to many interpretations. As the artist herself said: “As I’m not someone trained to analyse the behaviours of others, I thought about staging the act of feeding in order to discover something about ourselves rather than the people we are watching.” These words are applicable to all Piotrowska’s works, which reveal a much more open approach to images in photography, film and performance – which is almost a necessity for a post-medium generation.

 

Luca Lo Pinto is curator at Kunsthalle Wien and co-fouder of NERO. He lives between Vienna and Rome.

 

 

PT

 

 

Estima-se que quase dois biliões de imagens sejam criadas e partilhadas todos os dias. Isso significa que escolher trabalhar com fotografia se tornou um ato de coragem.

 

Apesar de todos nós produzirmos imagens, muito poucas pessoas conseguem criar uma visão pessoal, usando a fotografia como meio. Joanna Piotrowska, que nasceu em Varsóvia há pouco mais de trinta anos, é uma delas.

 

Em poucos anos, ela provou ser uma das fotógrafas mais talentosos da sua geração. Embora diga que não considera a fotografia como o seu meio favorito, Joanna é conhecida principalmente pelas suas obras fotográficas, que são extremamente poéticas, belamente coreografadas e sedutoras.

 

Descobri o seu trabalho em 2014 quando encontrei a série Frowst. Influenciada pelas teorias de um psicoterapeuta alemão, nesta série, Piotrowska investiga o arquétipo da família, observando-o como um teatro de gestos e movimentos ambivalentes. Aqui encontramos grupos familiares retratados nas suas casas em poses que estão perfeitamente dispostas a parecerem naturais, nos tons frios de preto e branco. Essas imagens são ao mesmo tempo perturbadoras e empáticas, invocando alegria e melancolia, violência e carinho, em contraste total e intencional com os estereótipos clássicos dos retratos familiares.

 

Piotrowska recria momentos de intimidade, baseando o seu trabalho em fotografias antigas das suas irmãs, a quem pede para reeditar as emoções passadas. Ela mostra-nos o intangível, capturando uma estratificação de histórias pessoais em uma imagem estática, procurando o passado no presente e brincando com espaço entre a experiência de um momento e a sua representação. Estas fotos são tão estáticas que evocam uma idéia de movimento, de uma dança entre corpos que aparentam ao mesmo tempo ser íntimos e distantes enquanto vacilam entre ser pessoas e personagens. A configuração espacial parece desaparecer, trazendo toda a plasticidade e psicologia das figuras que vemos a posar. Em comparação com a tradição da fotografia encenada, Piotrowska parece menos interessada no aspecto conceptual da abordagem e mais em sugerir uma certa idéia de estranheza, que é encontrada nas ações cotidianas e nas relações interpessoais. O que a atrai é a vulnerabilidade dos indivíduos e a sua existência. Ela recria situações domésticas documentando as ações em um uso de preto e branco que objectifica os corpos e intensifica as suas formas escultóricas.

 

Nos trabalhos de Piotrowska, o aspecto da performance foi principalmente limitado ao processo de construção, mas para uma exposição individual em Londres em 2017, ela criou um display em que a mise-en-scène não foi criada dentro do quadro da representação, mas no mundo real. Esta exposicão-performance envolveu pares de pessoas que se alimentavam mutuamente. Mais uma vez, o foco estava num gesto íntimo, mas estava aberto a muitas interpretações. Como a própria artista disse: "Como eu não sou alguém treinado para analisar os comportamentos dos outros, pensei em encenar o ato de alimentar para descobrir algo sobre nós mesmos, em vez das pessoas que estamos a assistir". Estas palavras são aplicáveis a todas as obras de Piotrowska, que revelam uma abordagem muito mais aberta às imagens em fotografia, cinema e performance - o que é quase uma necessidade para uma geração pós-media.

 

Luca Lo Pinto é curador na Kunsthalle Wien e co-fundador da NERO. Vive entre Viena e Roma.

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