MADRAGOA
PATTERN PARTNERS
Camille Brée
21 September – 13 November 2022 Madragoa Lisbon
Press release

 

EN

 

Madragoa is pleased to present PATTERN PARTNERS, the first solo exhibition of Camille Brée (n. 1992, Clermont-Ferrand). This show is the result of the artist’s residency in Lisbon, in the context of the cultural exchange with La BF15 (Lyon), as part of the Portugal-France Season 2022. La BF15 hosted the solo exhibition Lightmotiv, by Sara Chang Yan, in April of 2022.

 

It has been said that sometime during the last century, an extinction of fireflies was observed across the whole European continent almost simultaneously. “The fireflies first began to disappear in the early sixties because of air and water pollution. Mostly this was just in the countryside. The rivers stopped being blue; the canals were no longer clear. And then, in a flash, the fireflies were no more.” Pasolini's observation is the starting point for a metaphorical approach, in which he sees the evanescence of these incandescent insects as a form of political obscurantism that has descended upon us. Night is obscure because we can no longer frolic in the luciferin’s glimmer.

 

Camille Brée composes with light. Far from halogen ostentation, her bulbs and nightlights intrude into corners and recesses: they camp, wait and observe us. They replay a strategy of infiltration, they hold a position, they struggle to be there, not to escape and succumb to the desire – sometimes so urgent – to disappear themselves. Perhaps Camille's lights are fireflies that have returned. Perhaps their halo is there to keep us in a state of alertness or vigilance, as if to remind us that what is still taking place outside is a riot or war. Camille turns exhibition spaces into shelters, not fortified bunkers but places where presences, and also absences, shine in unison, summoning not so much the full as in the empty and untied.

 

To enter, one must hold a key, which has become a door handle, which has become an artwork. There is no longer an exhibition if you lose access to it. In the garden of the residency where she spent the last month working and reflecting on this proposal, she came across three keys cast in cement, embedded in the ground, rendered terrestrial, unusable and orphaned from the lock they were once meant to open. It is unknown if they were put there in some kind of act of superstition, or to – once again – make them disappear, as some people throw things into concrete that they would like to hide forever. In this way, Camille plays with sealed systems and closed circuits.

 

When speaking of her work, I have electricity on the tip of my tongue. One evening last winter, Camille described an image to me that has stayed with me ever since: she spoke of the law of attraction that consists of trying to detect the frequency of the world in order to be able to connect to it in order to satisfy one's desires. Even though we were talking about a potentially mystical theory of love, I had trouble remembering if it wasn't also art we were discussing. The world is a radio, her works oscillometers. They plug and unplug from outlets, but also from meanings and signs. Cause it's a closed circuit baby. We can change the dark into the light... and vice versa.

 

As in glasswork, where a negative hollow is first created to obtain a positive form, Camille is interested in doubles, patterns and places that refer to others. The title PATTERN PARTNERS reminds me not only of the analogy between a night light and a firefly but also between a space condemned without a key and a key condemned without a space. Yet, in a more sentimental sense, I cannot help to think of the union governing two people in love who repeat the same choreographies endlessly. Or the one between a magician and the person they are about to put in a vanishing box. Camille recently designed one of these. I wonder where the things that have been put in it will finally reappear.

 

Lou Ferrand, 2022

 

 

This project was made possible thanks to the support of the Patron Committee of the Portugal-France Season 2022.

 

 


 

PT

 

A Galeria Madragoa tem o prazer de apresentar PATTERN PARTNERS , a primeira exposição individual de Camille Brée (n. 1992, Clermont-Ferrand). A exposição é o resultado da residência da artista em Lisboa, no contexto do intercâmbio cultural realizado com La BF15, (Lyon), inserido na Temporada Portugal-França 2022. La BF15 acolheu a exposição individual Lightmotiv de Sara Chang Yan em abril de 2022.

 

Diz-se que durante o século passado foi observada uma extinção de pirilampos em todo o continente europeu quase simultaneamente. "Os pirilampos começaram a desaparecer no início dos anos sessenta, devido à poluição do ar e da água. Maioritariamente no campo. Os rios deixaram de ser azuis; os canais já não eram claros. E depois, num instante, os pirilampos já não existiam." A observação de Pasolini é o ponto de partida para uma abordagem metafórica, na qual ele vê a evanescência destes insetos incandescentes como uma forma de obscurantismo político que desceu sobre nós. A noite é obscura porque já não podemos brincar no cintilar da luciferina.

 

Camille Brée compõe com luz. Longe da ostentação de halogéneo, as suas lâmpadas e luzes noturnas invadem os cantos e recantos: acampam, esperam e observam-nos. Reproduzem uma estratégia de infiltração, ocupam uma posição, lutam para lá estar, para não fugir e sucumbem ao desejo - por vezes tão urgente - de desaparecerem por si próprios. Talvez as luzes de Camille sejam pirilampos que regressaram. Talvez a sua auréola esteja lá para nos manter em estado de alerta ou vigilância, como que para nos lembrar que o que ainda está a acontecer lá fora é um motim ou uma guerra. Camille transforma os espaços de exposição em abrigos, não em bunkers fortificados, mas em lugares onde as presenças e também as ausências brilham em uníssono, convocando não tanto os cheios como os vazios e desamarrados.

 

Para entrar, é preciso segurar uma chave, que se tornou uma maçaneta de porta, que se tornou uma obra de arte. Já não há uma exposição se se perder o acesso a ela. No jardim da residência onde passou o último mês a trabalhar e a refletir sobre esta proposta, deparou-se com três chaves fundidas em cimento, enterradas no chão, tornadas terrestres, inutilizadas e órfãs da fechadura que outrora se destinavam a abrir. Não se sabe se foram lá colocadas em algum tipo de superstição, ou – mais uma vez – fazê-las desaparecer, pois algumas pessoas atiram coisas para o betão que gostariam de esconder para sempre. Desta forma, Camille joga com sistemas selados e circuitos fechados.

 

Quando falo do seu trabalho, tenho eletricidade na ponta da minha língua. Uma noite no Inverno passado, Camille descreveu-me uma imagem que ficou comigo desde então: ela falou da lei da atração que consiste em tentar detetar a frequência do mundo para poder ligar-se a ele de modo a satisfazer os nossos desejos. Apesar de estarmos a falar de uma potencial teoria mística do amor, tive dificuldade em lembrar-me se não era também arte que estávamos a discutir. O mundo é um rádio, e as suas obras oscilómetros. Ligam-se e desligam-se de tomadas, mas também de significados e sinais. “Pois é um circuito fechado, bebé. Podemos transformar a escuridão em luz... e vice-versa.

 

Tal como na vidraria, onde primeiro é criado um buraco negativo para obter uma forma positiva, Camille está interessada em duplas, padrões e lugares que se referem a outros. O título PATTERN PARTNERS lembra-me não só a analogia entre uma luz noturna e um pirilampo, mas também entre um espaço condenado a não ter chave e uma chave condenada a não ter espaço. No entanto, num sentido mais sentimental, não posso deixar de pensar na união que governa duas pessoas apaixonadas que repetem infinitamente as mesmas coreografias. Ou a que está entre um mágico e a pessoa que estão prestes a colocar numa caixa de desaparição. Camille concebeu recentemente uma destas. Pergunto-me onde é que as coisas que foram colocadas nela irão finalmente reaparecer.

 

Lou Ferrand, 2022

 

 

Este projeto foi possível graças ao apoio do Comité de Mecenas da Temporada Portugal-França 2022.

 

 


 

FR

 

Madragoa a le plaisir de présenter PATTERN PARTNERS, la première exposition personnelle de Camille Brée (n. 1992, Clermont-Ferrand). Cette exposition est le résultat de la résidence de l'ar-tiste à Lisbonne, dans le cadre de l'échange culturel avec La BF15 (Lyon), dans le cadre de la Saison Portugal-France 2022. La BF15 a ac-cueilli l'exposition solo Lightmotiv, de Sara Chang Yan en Avril 2022.

 

Il paraît qu’au siècle dernier, de manière quasi simultanée et sur tout le continent européen, a été observée une extinction de lucioles. « Au début des années 60, à cause de la pollution atmosphérique et, surtout, à la campagne, à cause de la pollution de l’eau (fleuves d’azur et canaux limpides), les lucioles ont commencé à disparaître. Cela a été un phénomène foudroyant et fulgurant. Après quelques années, il n’y avait plus de lucioles ». Ce constat de Pasolini lui sert de point de départ pour filer la métaphore et voir dans l’évanescence de ces insectes incandescents une forme d’obscurantisme politique qui se serait abattu sur nous. La nuit est toute noire maintenant que nous ne pouvons plus batifoler à la lueur de luciférine.

 

Camille Brée compose avec la lumière. Loin des ostentations halogènes, ses ampoules et veilleuses s’immiscent dans les coins, les recoins, elles campent, patientent et nous observent. Elles rejouent une stratégie d’infiltration, elles tiennent une position, elles luttent pour être là, pour ne pas s’échapper et succomber à l’envie – parfois si urgente – d’elles aussi disparaître. Les lumières de Camille sont peut-être des lucioles revenues. Peut-être que leur halo est là pour nous maintenir dans un état d’alerte ou de vigilance, comme pour nous rappeler qu’au-dehors c’est encore une émeute ou une guerre qui a lieu. Camille fait des espaces d’exposition des abris, non pas des bunkers fortifiés mais des endroits où brillent à l’unisson les présences et aussi les absences, convoquant moins les pleins que les vides et déliés.

 

Pour y pénétrer, il faut détenir une clé, qui est devenue poignée, qui est devenue œuvre. Il n’y a plus d’exposition si l’on en perd l’accès. Dans le jardin de la résidence où elle a passé le mois dernier à travailler et réfléchir à cette proposition, elle est tombée sur trois clés coulées dans le ciment, et, ainsi scellées au sol, rendues terrestres, inutilisables et orphelines de la serrure qu’elles étaient autrefois censées déverrouiller. On ne sait pas si elles se sont retrouvées là par une forme de superstition, ou pour – là encore – les faire disparaître, comme certaines jettent dans le béton quelque chose que l’on voudrait pour toujours dissimuler. Camille se joue des systèmes clos et des circuits fermés.

 

Pour parler de son travail, j’ai de l’électricité au bord des lèvres. Un soir cet hiver, Camille m’a offert une image qui depuis m’accompagne ; elle m’expliquait le fonctionnement de la loi de l’attraction qui consiste, pour assouvir ses désirs, à tenter de déceler la fréquence du monde afin de pouvoir ensuite s’y brancher. Même si nous parlions alors d’une théorie amoureuse potentiellement mystique, j’ai eu du mal à me souvenir si ce n’était pas aussi d’art que nous discutions. Le monde est une radio, ses œuvres un oscillomètre. Il me semble qu’elles se branchent et se dé-branchent à des prises, mais aussi aux sens et aux signes. ‘Cause it’s a closed circuit baby. We can change the dark into the light… and vice versa .

 

Comme dans le travail de verrerie où l’on crée d’abord un creux négatif pour obtenir une forme positive, Camille s’intéresse aux doubles, aux motifs et aux lieux qui renvoient à d’autres. Pattern Partners ; cela m’évoque autant l’analogie qui existe entre une veilleuse et une luciole qu’entre un espace condamné sans clé et une clé condamnée sans espace. Mais aussi, dans une acception plus sentimentale, je ne peux m’empêcher de penser à l’union gouvernant deux per-sonnes amoureuses qui répéteraient sans fin les mêmes chorégraphies. Ou à celle unissant la prestidigitateurice à la personne qu’iel s’apprête à faire entrer dans une boîte à disparaître. Ré-emment, Camille en a conçu une. Je me demande où est-ce que les choses qui y ont été placées réapparaîtront finalement.

 

Lou Ferrand, 2022

 

Ce projet a été rendu possible grâce au soutien du Comité de patronage de la Saison Portugal-France 2022.

 

 

 

 

 

 

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