MADRAGOA
ANTES, DESPUES, AYER, MIENTRAS, AHORA
Belén Uriel
Installation view
"QUECHUAS", 2020
"QUECHUAS", 2020
"QUECHUAS", 2020
"KIPPSTA", 2020
"KIPPSTA", 2020
Installation view
"S, M, L"., 2020
"S, M, L.", 2020
"S, M, L"., 2020
"KIPPSTA", 2020
"ELOPSS", 2020
"ELOPSS", 2020
Installation view
"BACKWARD", 2020
"BACKWARD", 2020
"OXEELO", 2020
"OXEELO", 2020
"OXEELO", 2020
"BLACK DROP", 2020
10 September – 31 October 2020
Press release

EN

 

MADRAGOA is delighted to present Antes, despues, ayer, mientras, ahora, the second solo exhibition by Belén Uriel at the gallery.

 

To the back cover of View Magazine (March ‘45 issue), Duchamp consigned his enigmatic notion of “inframince,” a neologism that, he stated, could not be defined, but only illustrated through examples: “When the tobacco smoke smells also of the mouth which exhales it, the 2 odors marry by the infra-thin”.

The new group of sculptures by Uriel, which represent a continuation of her research project on the mutuality between the human body and some objects of everyday use, could be considered one of the examples able to illustrate the slippery concept of inframince.

The subject of her investigation in this new production is a canvas rucksack of a common type, a neutral, featureless accessory, devoid of remarkable details, whose adjectivisation can only refer to its use value: an object so familiar and ordinary that it becomes almost invisible.

The rucksack became the matrix for different series of works; the artist studied its anatomy and dissected it, isolating its constituent parts or sectioning portions – the zip, the shoulder straps, the backrest – which are casted and translated into different materials: glass, bronze, and a particular alloy of plaster and bronze developed by Uriel.

In Quechas five glass profiles of the rucksack, seen from the side, hang from a metal structure built according to the proportions of the human body; they are placed at different heights, simulating the different positions an actual rucksack can assume in the space in relation to the body that wears and uses it. With its circular display, the sculpture replicates the torsion, the rotational movement implicit in the gesture of taking the rucksack off the shoulders, visualising it in a sequence of five freeze-frames. Even if the glass faithfully reproduces the object, the fragmentary nature of the pieces prevents viewers from instant identification, except for a few clues, such as pockets and seams; their organic and hollow form rather evokes that of carapaces, shells, lungs, or empty cocoons.

Similar display and choreography are the basis of S,M,L, a sculpture consisting of a metal skeleton from which four straps hang, they are casts made of the alloy of plaster and bronze, whose profile reproduces the soft curve of the shoulders.

From the gallery wall, a piece of a chair armrest casted in glass stretches out, turned into a hanger to support the rucksack seams profile or a elbow pad both, in bronze; while the backrest of the rucksack shows its internal side, usually invisible, turned inside out, restoring the shape of the human back to which it usually adheres, a result that turns out to be similar to a classic torso.

Black drop is a series of small all-round sculptures, each one composed by the side profiles of the rucksack casted in glazed glass and paired, as to reconstitute the shape of a shell with its two hollow valves. They are placed on a low base constituted by different types of seats, such as a saddle or stool, also casted in glass or metal.

A dark color, almost black, or tending to green and grey, dominates the exhibition, as if to emphasise the neutrality of everyday objects that must not attract attention, never tire the eye nor go out of fashion. The colour, that gives more heaviness to the sculptures, also refers to the idea of armor, cuirass, shield, the personal protective equipment designed to fit and protect the human body.

The conceptual core of the exhibition lies in the convergence of human body, object and its daily use: The reciprocal nature of the relationship between body and the object, the epidermal contact that allows one to adapt to and shape the other, that “infrathin” point where one ends and the other begins. The idea of the body imprint preserved in the object is perpetrated in the making of the sculptures through the mould. The body seems to have infused into the object a living feature, the sculptures’ shape, although rigid in the glass or bronze, is anthropomorphic, organic.

The sequence of adverbs of the exhibition title – a line borrowed from Borges – trying to circumscribe and grasp the time, which becomes thinner and thinner towards the present, reaffirms the power of everyday routine to make changes invisible.

 

 

PT

 

A MADRAGOA tem o prazer de apresentar Antes, despues, ayer, mientras, ahora, a segunda exposição individual de Belén Uriel na galeria.

 

Às costas da revista View Magazine (Edição de Março de 1945), Duchamp entregou a sua enigmática noção de “inframince”, um neologismo que, a rmou ele, não poderia ser de nido, mas apenas ilustrado através de exemplos: “Quando o fumo de tabaco cheira também à boca de quem o expira, os dois odores casam pelo “infra-thin”.

O novo grupo de esculturas de Uriel, que representa uma continuação do seu projeto de pesquisa sobre a mutualidade entre o corpo humano e alguns objetos de uso diário, poderia ser considerado um dos exemplos capazes de ilustrar o conceito escorregadio de “inframince”.

O tema da sua investigação nesta nova produção é uma mochila de lona tipicamente comum, um neutro, não-característico acessório, despido de detalhes marcantes, cuja adjetivação pode apenas referir-se ao seu valor: um objeto tão familiar e comum que quase se torna invisível. O saco de lona tornou-se a matriz para diferentes séries de obras; a artista estudou a sua anatomia e dissecou-o, isolando as suas partes constituintes ou separando porções – o fecho, as alças, o descanso de costas – que originam moldes e são traduzidos para diferentes materiais: vidro, bronze, e uma liga especial de gesso e bronze desenvolvida por Uriel.

Em Quechuas, cinco per s do saco de lona, vistos de lado, estão pendurados por uma estrutura metálica construída de acordo com as proporções do corpo humano; estão colocadas em diferentes alturas, simulando as diferentes posições que um saco de lona pode assumir no espaço em relação ao corpo que o usa.

Com esta exibição circular, a escultura replica a torção, o movimento rotacional implícito no gesto de tirar um saco de lona dos ombros, visualizando-o numa sequência de cinco enquadramentos congelados. Mesmo se o vidro reproduzir o objeto, a natureza fragmentária das peças impede os espetadores de uma identificação instantânea, exceto através de algumas pistas, tais como bolsos e costuras; a sua forma orgânica e oca evoca por outro lado carapaças, conchas, pulmões ou casulos vazios. Modo de expor e coreogra a semelhantes são a base de SML, uma escultura que consiste num esqueleto metálico do qual quatro tiras estão penduradas, que são moldes feitos com a liga de gesso e metal, cujo per l reproduz a curva suave dos ombros.

Da parede da galeria, um pedaço de braço de cadeira moldado em vidro alonga-se, transformado em cabide para suportar as costuras ou a alça do saco de lona, ambos em bronze; enquanto o encosto deste mostra o seu lado interno, normalmente invisível, virado do avesso, recuperando a forma das costas humanas à qual normalmente adere. Resultado que acaba por se assemelhar ao torso clássico.

Black drop é uma série de esculturas redondas, cada uma composta pelos per s laterais do saco de lona moldados em vidro e emparelhados, como se a reconstituir a forma de uma concha com as suas duas válvulas vazias. Estas são colocadas numa base baixa constituída por diferentes tipos de assentos, tais selas ou bancos, também moldados em vidro ou metal.

Uma tonalidade escura, quase negra, ou tendendo para o verde e cinzento, domina a exposição, como se a enfatizar a neutralidade dos objetos do dia-a-dia que não devem chamar a atenção, nunca cansar o olhar ou sair de moda.

A cor, que dá mais peso às esculturas, refere-se também à ideia de armadura, couraça, escudo, o equipamento pessoal de proteção desenhado para se adaptar e proteger o corpo humano. O núcleo conceptual desta exposição está na convergência do corpo humano, objeto e o seu uso diário: A natureza recíproca entre corpo e objeto, o contacto epidérmico que nos permite adaptar e moldar o outro, o ponto “infrathin” onde um acaba e o outro começa. A ideia da pegada do corpo preservada no objeto é perpetuada pelo método de esculpir através de moldes. O corpo parece ter fundido no objeto um traço vivo, a forma das esculturas, apesar de rígida no vidro ou bronze, é antropomórca, orgânica. A sequência de advérbios do título da exposição – uma frase emprestada por Borges – tentando circunscrever e compreender o tempo, que se torna cada vez mais no até ao presente, rearma o poder do hábito diário para tornar as mudanças invisíveis.

Artworks

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