MADRAGOA
Descanso
Belén Uriel
Installation view
Installation view
Installation view
Installation view
"Untitled (Torço)", 2017
"Untitled (Torço)" (Detail), 2017
"Untitled (Cabeça)", 2017
"Untitled (Cabeça)" (Detail), 2017
"Untitled (Cabeça)" (Detail), 2017
"Untitled (Braço)", 2017
"Untitled (Braço)" (Detail), 2017
18 November 2017 – 13 January 2018
Press release

EN

 

MADRAGOA is delighted to present Descanso, the first solo exhibition by Belén Uriel at the gallery.

 

Belén Uriel’s research stems from the observation of everyday objects, from tools of common usage to pieces of furniture and architectural elements, investigating their sculptural potential beyond their functionality, and including their possible display in conversation with the surrounding environment. For her new project, Descanso, the artist focused on the constituent parts of some specific objects shaped to accommodate the human body and that, through their distinctive forms and curves, maintain a strong relationship of mutuality with the body. A seatback, an armrest, a handler: all these furniture details contain impressed in their features, as well as in their names, the parts of the body that they usually support or interact with. These elements served as casts to produce glass sculptures, created by the artist herself, that faithfully reproduce the shape of the objects, including the traces of their use and imperfections due to wear and consumption. These isolated fragments are detatched from their usual context and function of physical support to the body, and converted into fragile, and transparent items which in turn need a support. Installed directly on the wall or on chrome pedestals, the sculptures’ display is inspired by the showcases of clothing or shoes stores in which the rigid and abstract structure of the stands contrasts with the softness and versatility of the garments shown on them, ready to fit the body. In a similar way, the human figure is evoked by Uriel’s sculptures: through their anthropomorphic contours its absence becomes a ghostly presence. In particular, the project looked at the new approach to window display introduced by Austrian architect Frederick Kiesler, author of innovative exhibition designs in the 40s, and who, in 1928, arranged the vitrines for the Saks Fifth Avenue Department Store in New York. According to constructivist principles, in his shadowcases mannequins were often forsaken in favor of single items presented in isolation and in asymmetrical arrangements, using monochromatic, minimal, props, echoing orthogonal geometry.
By referring to the arrangements of goods in store windows, Uriel’s project questions the status of the object in the contemporary world, the meaning that the item acquires as soon as it is produced in series and consumed, in a society in which also comfort and rest are commercially promoted at every level. The artist opposes to the standardisation and repetition of the form, the uniqueness of the sculpture: each object is translated into a delicate glass piece, turned in colours according to the colour range of confetti production, and inclined or rotated in the space, in order to further deny its original function. Through this change of perspective, the object moves from the plane of its value in use, to the plane of contemplation, allowing the observer to recognise in it that intrinsic connection with the body, which actually shaped it.

 

The glass pieces were possible with the generous support by VICARTE (Glass and Ceramic for the Arts) Faculty of Sciences and Technology of the Universidade Nova de Lisboa, Lisbon.

 

PT

 

 

A MADRAGOA tem o prazer de apresentar Descanso, a primeira exposição individual da artista Belén Uriel na galeria. A pesquisa de Belén Uriel decorre da observação de objetos cotidianos, que vão desde ferramentas a peças de mobiliário e elementos arquitetónicos, investigando seu potencial escultural, para além da sua funcionalidade, e incluindo a sua possível exposição em conversa com o ambiente circundante. Para o seu novo projeto, Descanso, a artista concentrou-se em partes de alguns objetos específicos desenhados para acomodar o corpo humano e que, através das suas formas e curvas distintivas, mantêm uma forte relação de reciprocidade com o corpo. Um encosto de cadeira, um apoio de braços, um cabide: todos esses pormenores de mobiliário contêm impressões nas suas características, bem como nos seus nomes, das partes do corpo com as quais normalmente interagem. Esses elementos serviram como moldes para produzir esculturas de vidro, criadas pela própria artista, que reproduzem fielmente a forma dos objetos, incluindo os vestígios do seu uso e imperfeições fruto do desgaste e utilização. Esses fragmentos são retirados do seu contexto normal e da sua função de suporte do corpo e convertidos em peças frágeis e transparentes que, por sua vez, precisam de um suporte. Instalado diretamente na parede ou em pedestais de metal, a exibição das esculturas é inspirada nas vitrines de lojas de roupas ou sapatos em que a estrutura rígida e abstrata dos stands contrasta com a suavidade e versatilidade das roupas mostradas nos mesmos, prontas para acomodarem o corpo. Da mesma forma, a figura humana é evocada pelas esculturas de Uriel: através dos seus contornos antropomórficos, a ausência do corpo torna-se uma presença fantasmagórica. Em particular, o projeto estudou uma nova abordagem à exibição de janelas introduzida pelo arquiteto austríaco Frederick Kiesler, autor de projetos de exposições inovadoras nos anos 40 e que, em 1928, organizou as vitrines para a loja de departamento Saks, na Fifth Avenue em Nova York. De acordo com os princípios construtivistas, os manequins foram muitas vezes abandonados em favor de peças únicas apresentadas isoladamente e em arranjos assimétricos, usando adereços monocromáticos, minimais, reproduzindo a geometria ortogonal. Ao se referir aos arranjos de vitrines de loja, o projeto de Uriel questiona o status do objeto no mundo contemporâneo, o significado que o item adquire logo que é produzido em série e consumido, em uma sociedade na qual também o conforto e o descanso são comercialmente promovidos em todos os níveis. A artista contrasta a padronização e repetição da forma, com a singularidade da escultura: cada objeto é convertido em uma peça delicada de vidro, mudando coloração de acordo com a gama de cores da produção de confetis e inclinada ou rodada no espaço, para negar ainda mais a sua função original. Através desta mudança de perspectiva, o objecto sai do plano do seu valor em uso, para o plano de contemplação, permitindo que o observador reconheça nele a conexão intrínseca com o corpo, que realmente o moldou.

 

As peças de vidro foram possíveis com o generoso apoio da Faculdade de Ciências e Tecnologia VICARTE (Vidro e Cerâmica para as Artes) da Universidade Nova de Lisboa, em Lisboa.

Artworks

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